sexta-feira, outubro 24, 2008

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Hoje corrompo o meu sangue, destruo a minha mente, nado furiosamente contra a corrente, fico cega com a pressão, emociono-me com a fragilidade do meu coração.
Fito a vela que num gesto inconsciente resolvi acender e que me oferece o esboço do meu rosto. Deixo as lágrimas percorrerem os caminhos que sonhei e comovo-me com as minhas carências. E cumpro...cumpro estas linhas, violento o meu corpo, atormento a minha mente e em todo este silêncio, apenas se escuta o meu grito! Nada imploro, nada peço, mas não te assustes com a minha franqueza, tenho medo...tenho tanto medo….

sexta-feira, outubro 03, 2008

terça-feira, julho 29, 2008

Existe(s) em mim!


Estende-me a tua mão. Quero percorrer com meus dedos os caminhos que elas traçam. Quero tocar-te. Quero segurar-te e guardar-te, quero-te então e apenas.
Estende-me o teu braço. Quero agarrar-te contra mim e fundir-te na minha pele! Quero o teu cheiro e quero-o intensamente. Quero-te em largos sorvos de paixão. Quero provar sorver a tua pele doce, e embriagar-me com a essência do teu existir.
Abre os teus olhos, e derrama a sua luz no meu corpo apagado. Quero vida (a que tu me podes dar). Quero-a tanto... Pousa a tua boca sobre o meu pescoço, e faz-me estremecer com o toque dos teus lábios. Quero sentir o calor voltar ao meu corpo. Preciso do teu. Preciso de ti.
Fui eu que (te) sonhei. Aqui. Agora. Para mudar a minha cor cinzenta, e inundar-me de luz. Foste tu que (me) desenhaste. Para ti. Aqui. Agora. Faz-me viver! Dá-me o alento. Quebro a (minha) pele fria de pedra e toco-te. Rompes as amarras que me prendem ao frio. Perguntas-me se (te) quero. Olho-te e Sim... Eu Quero!

quinta-feira, julho 10, 2008

Tenho Saudades de Nós...


Existem momentos em que o beijo parece demorar... e demora-se como uma tempestade que se aproxima, abolindo o tempo e a vida que sem ti, teima em parar... Os momentos tornam-se pesados nesse instante e a saudade torna-se cansativa... consigo esperar...consigo suportar a dor da ausência e imagino o teu rosto desenhado a lápis de carvão. Escuto-te caminhar pelos corredores vazios que impedem a tua chegada e dificultam a minha espera.... consigo suportar todo este cansaço para te alcançar e não descanso sem te poder tocar... quero tanto o teu regaço, quero tanto o teu calor, o teu corpo preenchido de cor e toda a exaustão que esse embate possa provocar... Acelero os ponteiros do relógio, e continuo a ouvir os teus passos na imensidão ensurdecedora do silêncio... sinto-me extenuada, mas ansiosa pela tua chegada...


Adoro-te nas palavras mais simples e procuro-te nos textos mais complexos... o teu cheiro aproxima-se com a distância que rebenta nas ondas do mar (em versos), enquanto suporto a dor das minhas veias dilatadas e inflamadas pela distância de não te ter (agora) e do teu calor que começa a chegar com o brilho das estrelas que se deixam cair...


As histórias de amor, lidas vezes de mais, cansadas de si próprias, apagam-se no frio da ausência... da nossa ausência... mas eu sei que esperas por mim, eu sei... porque te vejo debruçado na janela, onde lanças palavras caladas ao vento frio, para que algum mensageiro imaginado mas possa entregar... e o caminho dessas palavras cansa, magoa até... mas serão entregues, porque eu as oiço, e as guardo, apenas onde te guardo a ti, onde ninguém lhes pode tocar... apenas ao alcance do ar.
(tenho saudades tuas...)

quinta-feira, outubro 11, 2007

Seguindo um rumo..



Sempre gostei de escrever. Desde pequena, este meu amor era visível em toda a parte...numa primeira fase no papel. Mais tarde nas paredes, nas mesas e nas cadeiras para desespero de meus pais, e delícia dos meus irmãos....
Com 13 anos ofereceram-me o meu primeiro diário. Inicialmente era escrevinhado todos os dias, mas à medida que o tempo passava, os registos tornaram-se mais raros, até terem interrupções de 4 anos. Remeti aquele diário para o esquecimento, não porque tivesse deixado de escrever, mas porque ele deixara de fazer sentido. Vivia a minha vida com tal intensidade que não conseguia registar tudo ao ritmo a que vivia, por forma que era preferível viver simplesmente, sem registos escritos...
Hoje, acordei com o sabor desses dias. Desejando muito parar. Fazer uma separação amigável da minha companheira de vida - a escrita.
Decidi despir-me também aqui dos registos. Tudo se me esgotou nas palavras e vejo chegada a hora de fazer delas apenas gestos. Não acredito nas partidas definitivas. Sei que um dia, tornarei. Mas agora, há apenas uma Vida que chama por mim, e eu tenho que partir...
A todos os que me leram, um carinho especial por terem partilhado comigo os meus Pensamentos da Alma e todos os pedaços de que fiz vida. Continuarei a visitar-vos e a guardar-vos em lugar especial, dentro de mim...

sexta-feira, setembro 28, 2007


Sai para a rua sem destino, caminha sem direcção, sente a brisa que a acarinha e nesses passos sozinha, absorta pisa o chão. Sente Paz, Serenidade e sem querer, sem reparar, converge em passo acertado o seu caminho para o Mar.
Descalça a sandália bege e ergue a saia comprida e com os pés na areia branca, ela segue decidida! Sente apenas o chamado, da maré que ali se abriga e sem medo, sem recato, dá a Alma à maresia. Paira doce o pensamento, espraia as mãos naquela areia...sente que ali se sacia, na noite de maré cheia. No bramir que se acentua nesta maré ao relento, faz das ondas o seu leito, e do vento pensamento. E sempre que a maré chega, coroada de branca espuma, deixa beijos marejadas e sentimentos na bruma...

segunda-feira, setembro 10, 2007

Plurais e escaladas...

- Hoje vamos subir o S. Brás!
Perplexa, detive-me naquele plural e até me ocorreu uma fala de um filme de animação (A Idade do Gelo) quando o Mamute explicava à Preguiça de uma forma clara que não o nós era pura ficção: “NÓS??? Aqui não há um NÓS, aliás se não fosse EU, nem existia um TU! Entendido?”. Confesso que tive uma enorme vontade de fazer papel de mamute, mas limitei-me a fingir que não tinha ouvido nada daquilo. Meia hora depois, tinha ao pé de mim, toda a gente equipada para escalar, subir e vencer o tal Monte de S. Brás. Máquina fotográfica, garrafas de água, calções, ténis…enfim… Quando me dei conta já tinha sido arrastada para o sopé do tal monte com toda a gente a decidir por onde havíamos de subir (haviam 2 caminhos), porque a descida seria feita por exclusão de partes.
Tenho vertigens! Yahp, daquelas vertigens que acrescem em perigosidade pela atracção pelo abismo… isto trocado por miúdos quer dizer, que face a altitudes que me apavoram, eu tenho uma tendência descontrolada para acreditar piamente que ultrapasso aquilo a voar. Ai Deuses… aquela manhã não estava nada a ser fácil… mas lá decidi seguir as hostes cantando para dentro o”i belive i can flyyyyyyyyyy” ( o que por si não era um bom presságio!), tentando verificar se as asas já tinham começado a crescer…
Os primeiros 100 metros já tinham ficado para trás e nós continuávamos a abrir caminho saltitando de pedra em pedra, de calhau em calhau, de silva em silva, de medronheiro em medronheiro, e a desbravar mato como se tivéssemos em plena selva amazónica. Eu começava a olhar para baixo, as pulsações aceleravam e o meu cérebro começava a emitir mensagens de “Pânico!” (e ainda nada de asas). Lembrei-me de um filme que tinha visto há pouco tempo e lamentei não ter ali um saco de papel para ir respirando lá para dentro, para evitar um ataque de pânico descontrolado… Tentei abstrair-me daquela subida e à medida que o fazia ia cantando de forma mais sonora e explicita a cantiguinha que até ao momento tinha sido cantada só para dentro! Perto dos 300 metros, cum catano…já mesmo no finalzinho, já não haviam nem pedras, nem calhaus nem nada, ou seja, tínhamos que emaranhar literalmente monte acima cerca de 5 metros (cheguei a pensar que se me ia dar ali uma coisinha, assim sem saber ler nem escrever!)! Agora sim, sentia-me mesmo quilhada de todo! Ouvi alguém perguntar-me: - Estás bem? – eu de olhar fulminante (sim, há mesmo este tipo de olhar, que eu bem sentia os olhos a quererem saltar das órbitas) respondi: - Yah, ‘tou bem… tirando o facto de ter vertigens, de me estar a conter há mais de 200 metros para não me atirar lá para baixo, e de estar com as pernas em autogestão a teimar tremer quando lhes estou a dar ordens para SUBIR, de ter transpirações de pânico de forma a fazer inveja ao próprio Obikwelo, e de estar com ganas de trucidar quem me convenceu a vir neste passeio…, tirando tudo isso tá-ssssssse! (só coloco aqui o que disse, recuso-me a colocar o que pensei… porque o que me passou pelo pensamento, contém resmas de palavras censuradas, e Himalaias de expressões cabeludas).
Devo ter sido suficientemente intimidativa, que as ajudas começaram a chegar aos trambulhões e com alguns desabafos à mistura, acabei por chegar ao topo do Monte! No topo, aquilo não estava a ser pêra doce! Primeiro, tive que controlar os batimentos cardíacos (até pensei que a qualquer momento tinha que recorrer ao desfibrilhador). Depois, tentei entrar em Zen…algumas vezes, muitas vezes, infinitas vezes… mas a ligação com Zen, estava indisponível (devia estar com falta de rede) …e por muito que eu gemesse AHUMMMMMMMMMMM…as tentativas revelaram-se absolutamente infrutíferas!
Passados alguns minutos, avisam-me que iamos começar a descer! Agora é que era! Agora é que íamos mesmo ter a burra nas couves!!! Tudo o que eu tinha tentado não ver durante a subida, estava agora ali, completamente escarrapachado à minha frente, com a agravante de não haver mato, nem árvores para esconder aquela descida a pique pela encosta daquele monte. Na descida haviam uns degraus em cimento, sem pontos apoio, que me fizeram desejar por momentos, ter em mim algo de Mulher Aranha, ou de Super Mulher, que num estalar de dedos me fizessem estar dali para fora, voando ou tecendo, que para mim, todos os fins justificavam os meios, o que por outras palavras, quer dizer, que eu já estava por tudo! Finalmente chegámos ao fim da descida e os meus sinais vitais retomaram aos poucos a normalidade! Respirei fundo algumas vezes, muitas vezes, tantas vezes, que ía ficando com uma over dose de Oxigénio. Senti que estava lentamente a passar de branco transparente para o meu lindo e fantástico moreno cobre. Todos os meus membros, começavam a reagir ás minhas ordens passando do estado paralisado para o estado rapidamente activo e desesperadamente apressado…Estava eu embrenhada neste regresso a mim, quando me dizem de forma efusiva: - Ena a subida foi mesmo fixe! Temos que repetir isto no Inverno!!!
Nessa hora não me contive e lá respondi: - Nos TEUS sonhos, só se for mesmo nos TEUS Sonhos!